E se Einstein, em vez de em um distrito alemão no séc. XIX, nascesse hoje na favela do Complexo do Alemão em pleno Rio de Janeiro do séc. XXI? Seria possível ainda ser Albert Einstein, ou o meio o definiria como mais um abrigo de feridas de facões e balas de um AR-15?
Se assim fosse, ao pesquisá-lo no google, deveria digitar a data de seu assassinato em vez de um nome conhecido. Se mesmo assim não o encontrasse nas manchetes on-line, pelo fato de não ter atirado na boa moça antes de morrer, a maneira mais fácil de o encontrar provavelmente seria nos arquivos da PM do Rio, ou, mais provavelmente ainda, eu o encontraria junto a milhares de outros em uma barra de gráfico de mortalidade na revista Veja!
Quem vai negar? Algum tipo de determinismo está mais que escancarado. Se o Einstein do Complexo do Alemão punhasse uma nova teoria, aposto que de Teoria da Relatividade tornaria a ser Teoria da Falta de Oportunidade. Quem vai negar?
Tenho refletido sobre essas questões todas de livre-arbítrio, seu ponto de partida, suas fronteiras, sobre a determinação do meio sobre as escolhas e possibilidades de escolha que temos. É fácil olhar para a foto de um menino como este acima e enumerar as melhores decisões que o levariam a uma possível vida de sucesso. Mas onde estão os jarros para ele beber dessas escolhas? Estão em nossas mãos. E quando lhes damos os jarros, ainda nos espantamos de não surtir o efeito esperado. Só não percebemos que demos os jarros já vazios.
.QUEM VAI NEGAR?